Você sabia que o concreto pode contrair câncer, aids e ebola?

Jul 06, 2016

Por Emílio Takagi

 

Construções de concreto armado costumam ser consideradas estruturas com uma vida útil extensa e realmente são. Mas, extensa não significa eterna. E, é exatamente neste ponto que devemos ficar atentos. Para que uma estrutura feita de concreto sobreviva a anos de uso é fundamental que o local onde ela é instalada seja analisada e, a partir de então, uma estratégia de manutenção preventiva seja traçada. Essa manutenção – também chamada de revitalização – pode ser realizada por meio de produtos químicos, que aplicados à peça podem impermeabilizá-la, por exemplo.

 

Outra forma de entender melhor as avarias, provocadas pelo tempo e pelo clima às peças, é traçar um paralelo com o corpo humano. Dessa forma, costumo comparar o trabalho dos engenheiros com o ofício dos médicos. Eis que surgiu o conceito “Patologia de Obras Civis”. E, como todo profissional da saúde cuida de enfermidades, nós, engenheiros, também cuidamos de peças de concretos adoentadas.

 

Nesse texto, abordarei três dos principais distúrbios que são capazes de destruir qualquer peça de concreto. O primeiro é o Câncer, mais conhecido como Reação álcali-agregado. Esta disfunção é comparada aos males oncológicos, pois se caracteriza pelo aparecimento de tumores (cristais), sem motivo aparente, que podem se desenvolver e multiplicar, deformando a pedra.  Este tipo de dano é sempre alimentado pela presença de umidade. Nesse caso, nós, engenheiros, devemos evitar que os efeitos sejam maiores e, até mesmo, devastadores, aplicando soluções químicas, capazes de impermeabilizar as estruturas, impedindo que os cristais se fortaleçam.

 

Outra doença característica é o Ebola, ou ataque de cloreto. Faço esta comparação, pois este mal é capaz de se apropriar do concreto, da mesma forma que o vírus do Ebola faz com o corpo humano, ou seja, de modo rápido e letal, corroendo toda a sua estrutura. Nesse caso, a revitalização do concreto é fundamental, pois precisamos ressuscitá-lo, já que aparenta um concreto já morto e com sua estrutura totalmente corroída, incluindo o ferro.

E, por último, a AIDS – ou a famosa carbonatação -, uma disfunção que corrói de dentro pra fora, reduzindo a alcalinidade da peça de concreto. Um caso extremo e de alta gravidade para a estrutura. Para solucionar o problema, ou ao menos, para o processo de carbonatação, utilizamos um realcalinizador. Um bom exemplo desse diagnóstico é o Estádio do Maracanã, gravemente doente, que precisou de soluções como está em sua estrutura, para poder ser reativado.

 

Existem ainda, tantas outras enfermidades que podem ser sanadas e, principalmente, evitadas, com a utilização de recursos químicos. Outra ação que faz com que o material tenha uma vida mais longa é a manutenção preventiva. É sempre importante lembrarmos que o concreto é finito e pode ter sua durabilidade ameaçada quando não for bem cuidado. Super-herói não existe… Nem superconcreto!

 

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